sábado, 20 de junho de 2009

Cinco e meia da manhã

Eu queria ter alguma coisa pra dizer que eu nunca disse,
E que fosse importante e tocasse as pessoas
Nos seus doloridos mais magoados, calmamente, 
E que assim pudessem ser afagos, os necessários,
E repercutissem pelos tempos
De um modo gentil e harmonioso
Como um consolo que lhes chegasse aos ouvidos.
Eu queria que nenhum velho nunca tivesse que trabalhar
Além dos seus desejos e aspirações pessoais
E que as crianças nunca nunca soubessem de privações
E assim talvez o caminho entres eles fosse mais fácil e mais palatável.
Eu não sei muito bem porque acredito em Deus
E penso nisto nas vezes em que bordeio rios
E retorcidas senhorinhas catam lixo
E essa é a forma por que fazem suas vidas mais dignas.
Por que é que eu ainda consigo lembrar de amores e sentir-lhes a falta,
Por que é que eu encontro espaço pra abrigar este vazio,
Este inóspito e desarrazoado vazio
Que segue à espera de um homem?
Todos nós um dia acreditamos que havia algo que pudéssemos fazer e que de alguma forma ajudaria o mundo,
Às senhorinhas, aos bebês-tesouros,
Aos bichinhos de todos os tamanhos e rudezas.
Seul é uma cidade bela, mas também poderia ser terrível,
Pois eu sei que não há nada em lugar nenhum que já não estivesse dentro de nós.
Eu não sei deixar de acreditar, de querer, de esperar,
E após vários anos, várias tentativas, várias constatações,
Tampouco sei o que fazer comigo.
Mas se houvesse uma barganha, uma chance, uma oportunidade
De trocar tudo o que há em mim por uma benção que apaziguasse as dores do mundo,
Eu faria de bom grado e isto não seria abnegação;
Seria apenas um fervor e ao mesmo tempo um alívio, 
De que os frágeis estão cuidados e que os fortes lhes farão vigília.

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