segunda-feira, 17 de agosto de 2009

BBQ

Minha avó dizia que o que não mata engorda. Eu cresci e aprendi que Niezstche disse que aquilo que não nos mata nos fortalece. Niezstche me mataria se soubesse quão religiosamente eu levo esta idéia.  
Houve uma época em que eu brincava que eu sabia lidar muito bem com rejeição. Eu trabalhava a maior parte do tempo angariando parcerias pra festivais de cinema e aprendi direitinho como não arrefecer mediante um pomposo e retumbante não. É claro que eu não lido bem com rejeição coisa nenhuma e por isso parei de fazer a jocosa piada, mas às vezes eu penso que, mesmo não sendo assim uma verdade verdadeira, tendo exercitado o papel de agente da passiva nas atividades da rejeição, posso não saber lidar muito bem com ela, mas eu sei lidar, caráter compulsório. 
Hoje eu estou me sentindo grandiosamente rejeitada, mas acontece que a vida é isso, certo? Vamos lá e seguimos em frente. Há um não-resolvido que permanecerá assim, no matter what. Eu não quero, eu não queria, eu nunca quereria. Mas é assim. Às vezes é assim, sem outro jeito. Vou chorar um pouquinho, comer um pouquinho, beber um pouquinho e infelizmente não vou me drogar um pouquinho. E vou pôr compressas nas carnes aparentes do coração obstinando que elas não se infeccionem mais que o necessário.

sábado, 20 de junho de 2009

Cinco e meia da manhã

Eu queria ter alguma coisa pra dizer que eu nunca disse,
E que fosse importante e tocasse as pessoas
Nos seus doloridos mais magoados, calmamente, 
E que assim pudessem ser afagos, os necessários,
E repercutissem pelos tempos
De um modo gentil e harmonioso
Como um consolo que lhes chegasse aos ouvidos.
Eu queria que nenhum velho nunca tivesse que trabalhar
Além dos seus desejos e aspirações pessoais
E que as crianças nunca nunca soubessem de privações
E assim talvez o caminho entres eles fosse mais fácil e mais palatável.
Eu não sei muito bem porque acredito em Deus
E penso nisto nas vezes em que bordeio rios
E retorcidas senhorinhas catam lixo
E essa é a forma por que fazem suas vidas mais dignas.
Por que é que eu ainda consigo lembrar de amores e sentir-lhes a falta,
Por que é que eu encontro espaço pra abrigar este vazio,
Este inóspito e desarrazoado vazio
Que segue à espera de um homem?
Todos nós um dia acreditamos que havia algo que pudéssemos fazer e que de alguma forma ajudaria o mundo,
Às senhorinhas, aos bebês-tesouros,
Aos bichinhos de todos os tamanhos e rudezas.
Seul é uma cidade bela, mas também poderia ser terrível,
Pois eu sei que não há nada em lugar nenhum que já não estivesse dentro de nós.
Eu não sei deixar de acreditar, de querer, de esperar,
E após vários anos, várias tentativas, várias constatações,
Tampouco sei o que fazer comigo.
Mas se houvesse uma barganha, uma chance, uma oportunidade
De trocar tudo o que há em mim por uma benção que apaziguasse as dores do mundo,
Eu faria de bom grado e isto não seria abnegação;
Seria apenas um fervor e ao mesmo tempo um alívio, 
De que os frágeis estão cuidados e que os fortes lhes farão vigília.

sábado, 6 de junho de 2009

Han river, wider than a mile, I'm crossing you in style some day...


I have hopes. People do. I keep believing in love.
I find myself at Korea. Does the Han country could bring me some?
I throw my dreams over the river.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

SWEET DREAMS ARE MADE OF THIS


18067km
11226miles
9755 nautical miles

My dream is to fly over the raibow so high...

segunda-feira, 23 de março de 2009

WHY I DO NOT DESERVE LOVE


I don't know.
I lie.
Once I told a lie and never could untell. People still rely on that.
I step up to every trouble I find in the way even when it's not mine.
I collect sins.
I treated a friend badly once.
I treated a friend badly twice.
I treated a friend badly several times.
I was never a easy child.
I always pushed people to do what I want.
I can be dramatic, or mean.
When I'm in pain, I hurt people.
I'm not soft. But I always cry.
I dislike gratitude.
I had an abortion. Every woman that has ever reached to me for help, I took her to an abortion.
I always thought people liked me but nowadays I'm figuring that perhaps they just put up with me.
I try to say things strictly but I always sound pitiful. And that's odd, because I pity no one. And I certainly do not pity myself. I take what it takes to me. 
I'm needy. I demand.
I give what was not asked. 

quarta-feira, 18 de março de 2009

ESPARRO


É absurda a minha vontade de abandonar tudo, de mudar algo, de ser o meu mais igual e por isso fazer tudo diferente. Sou a diferença mais estável que conheço. Por dialética óbvia sou também a estabilidade mais ímpar, mas sou mais a outra que esta.
Mas que saco, tenho por hábito mergulhar na linguagem, no eixo, e mesmo agora quando estou com muita raiva é como se eu diluísse meu assunto e assim a sua importância.
Estou com raiva, estou infeliz, muito infeliz, mas a minha felicidade é tão eterna que disfarça essa condição. E se na cartilha das bondades isto pode soar como benesse, o fato é que na carne, não é.
E eu estou puta da vida porque sou óbvia, porque sou rasa, porque sou inculta, porque no momento não sinto nada a não ser incapacidade. 

sexta-feira, 13 de março de 2009

HOW CAN YOU MEND A BROKEN HEART?


My heart is broken for I have dreams.
There is such a way to be when you are neither or you are both. I, in my heart, have dreams.
Being both I am whole and, when neither, I am entire. I can't escape.
There is a whim wind getting closer and I hope it finds me well.
In my ears it is hissing Korea.

quinta-feira, 5 de março de 2009


Hoje me amaram. Um amigo remoto, um vento distante, um conhecimento do outro. Um reconhecimento do outro. Outro que sou eu, e, de tanto amor, sou eu de intensa felicidade, até o remoto, até o distante. Reiteradamente do conhecimento.
Disse-me:

"Bárbara, você tem um nome bélico, um grito entoado por excesso e extravasamento da voluntariosidade. 

Santa Bárbara foi degolada por uma espada com a coragem e a bravura inabaladas. Os povos bárbaros eram guiados em batalha por um furor inquebrantável e glorificados quando nelas morriam segurando uma espada. O ferro deve ter ligação com seu o nome já que nada fica no caminho d’uma lâmina afiada. 

Nome que leva a mente a selvageria, o inculto e incorreto, mas também o propósito e potência desconhecida pelos demais. Desconhecida sim. Bárbaro significa estrangeiro, pois quem não compartilha do propósito desse povo não há de compreender tamanho ímpeto destemido na busca do ideal.
 
É um vocábulo de êxtase ao vislumbrar algo realizado com fogo e valentia. A exclamação de boca cheia: “bárbaro!! bravo!!” (estas devem ser palavras irmãs) denota o cume da conquista feita por inteiro - corpo e alma - e sem descanso até ser alcançada. 

A Bravíssima Bárbara: a que não exibe medo, que demonstra coragem e raiva. Quando a fúria toma uma diretriz sem esvair-se para todos os lados, torna-se uma energia quase inesgotável, como um cometa que cruza galáxias sem respeitar órbitas. Simplesmente segue seu veloz rumo deixando um lampejado rastro de luz. Todos que o vêem ficam atônitos, perplexos e maravilhados."

André, não é mistério que és só amor.

quarta-feira, 4 de março de 2009


Quando criança, sempre disse que não queria casar. Quando adolescente, incontáveis vezes repeti que não queria ter filhos.
Pra quem acredita em palavras, tive as minhas ouvidas. Cada vez que, impropriamente, eu clamei por tais vicissitudes, estava espaçando as distâncias entre mim e mim mesma. 
Hoje, quando peço em ladainha que um homem me ame e case comigo e queira me fazer um filho, posso apenas, pouco a pouco, ir abonando cada um daqueles clamores. 

Oxalá um dia as rezas de hoje neutralizem orações de ontem.  

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Hoje eu começo a me despedir de um grande amor. Já vivi histórias de separação, de bruscos rompimentos, mas esta despedida de hoje não se parece em nada com isso. É um caminho que começa, de extrapolar o meu próprio amor e oferecer apenas aquilo que o outro quer. Dar um passo pra trás. Calar minhas opiniões. 
Hoje, eu faço votos. Promessas. Construo este início de caminho.
Você não sabe, mas isto é pra você. 
Vamos esperar pelo futuro.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


A mim parece inevitável ser ridícula. Reza lenda que algumas pessoas nunca o são. Eu? Ixi. Estou excluída deste conjunto.
Normalmente não me importo em ser ridícula, fico achando que o processo científico, a tentativa e o erro, precisam da troça para construir uma crítica limpa, clara, apurada, e que a experimentação fundamenta qualquer futuro. 
Acontece que, além da pró-cientista, também vive em mim aquele pedacinho de fragilidade que todo mundo tem mas disfarça; aquele pedacinho do calcanhar de Aquiles. E às vezes seria bom se alguém não te achasse ridícula e, portanto, ao invés de rir dos seus estapafúrdios, pudesse acolher e consolar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Someday he'll come along
The man I love
And he'll be big and strong
The man I love
And when he comes my way
I'll do my best to make him stay

He'll look at me and smile
I'll understand
And in a little while
He'll take my hand
And though it seems absurd
I know we both won't say a word


Maybe I shall meet him
Sunday, maybe Monday, maybe not
Still I'm sure to meet him one day
Maybe Tuesday will be my good news day 

He'll build a little home
Just meant for two
From which I'd never roam
Who would, would you? 

And so all else above
I'm waiting for the man I love 

Maybe I shall meet him
Sunday, maybe Monday, maybe not
Still I'm sure to meet him one day
Maybe Tuesday will be my good news day 

He'll build a little home
Just meant for two
From which I'd never roam
Who would, would you? 

And so all else above
I'm waiting for the man I love

(George & Ira Gershwin)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009


A solidão é um negócio engraçado. Eu poderia dizer, sem medo de ser leviana, que gosto muitíssimo de estar sozinha. Posso passar dias, semanas, sem o contato direto com outrem, e nem por isso estar deixando de viver momentos os mais agradáveis. Como disse num outro post, "como só os afeitos de si". Sou afeita de mim.
Inclusive, adoro meus defeitos. Cada um deles. Quanto mais os olho mais me reconheço. Claro que sei onde é que na vida eles me atrapalharam, todavia - o mais importante - sei onde é que cada um deles pode me ajudar. Sendo assim, vivermos eu e os meus defeitos não é só agradável, é conveniente. 
Acontece porém que na vida é necessário o extraordinário, ele não é demais. E como somos todos iguais uns aos outros, só temos o extraordinário quando alguém nos ama. Quando alguém nos acompanha. Quando alguém também olha de perto nossos defeitos e acha que eles são bonitinhos. Do amor brotam as qualidades que - pelo menos em mim - não existem sem ele.
Sozinha, que ironia!, sou menos.
Sou apenas um. 

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sou sagitariana. Puro sangue árabe de olhos humanos, vetor valioso de linhagem ancestral, temido e aplacado por extermínio na tal da contemporaneidade. 

Sou tão razoável quanto pode ser um animal. Às vezes, mais que qualquer um humano. Normalmente abrupta, de emoções legítimas e irrefreáveis. 

Sou coerente, parcial, rígida, como só podem ser os afeitos de si. Tanto que, destarte, sou tão livre quanto um cavalo, e revogo sem parcimônia cada um daqueles adjetivos. De ser-me tanto, tenho o calmo exercício de não me ser.

Sofro das angústias do pensamento e dos amores espedaçados aqui já citados.

 

Agora, como é que não se espera além da conta?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009















Às vezes acho que nasci amaldiçoada de amor. 
Calma.
Pensando bem, maldições são feitas de sobressaltos, inevitabilidades, além de uma opressão que habita o esterno.
O amor, em geral, pra mim é assim. Engendro internamente emoções que não se resguardam e que existem pra a admiração do outro, para a devoção ao outro, para a disponibilidade do outro. Sou como um dique rompido por força d'água.
Tudo isso não invalida que eu também seja engraçada, simpática, latente. Posso ser ao mesmo tempo divertida e ciosa. Mas descobri e comprovei inúmeras vezes que o meu amor é demais.
Ninguém quer o meu amor, assim, escolha própria, primeira, anterior, artigo pelo qual se luta. Aqueles que me amam também, em retorno, são os que aceitam o meu amor. Porque eu sempre fui assim, impelida pelas emoções engendradas de adjetivos inevitáveis, e antes que alguém pudesse perceber diferente, eu lá estava com ofertas cordiais.
Desse jeito foram sendo construídas minhas amizades - o tipo de amor que reconheço. Onde eu entrego partes de mim mesma as quais eu desconheça e o outro as admita.
Quando eu amo, isso em mim é um dever. Aquele que me aceita, tem um direito. E nesse fiel de mensura improba, fico sempre a ver navios. Pois eu dou tudo que posso e isso é sempre muito mais que meus outros quereriam suportar. 
 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


Nossa. 
Então. Como é que se fala das dores de amor sem parecer uma dor a mais? Como é que se faz quando a gente precisar elaborar os sentimentos e nossa melhor ferramenta são as palavras? Será que vale falar, escrever, labutar as declarações que se derramam para além dos limites do nosso self interior? Não será muita viadagem ficar falando em self?
Vou tentar gastar umas angústias por aqui, acreditando que eu vou conseguir um jeito de declarar os pesares levemente.
O amor que me habita às vezes reconheço em outrens. E se for de fato o mesmo amor, povoado, criativo, duradouro, duvido que as reverberações dele possam ser impunes. 
Pujantes ou pungentes, amor que dói é amor do qual se fala. 
Eu vou falar deles.